sábado, 12 de fevereiro de 2011

Capivara sugere algumas soluções para a cidade de São Paulo




Sabemos bem que de novembro a março vivemos a época de chuvas na capital, nossa prefeitura bem como os cidadãos trabalharam em antecipação. Foram retiradas 2.700 toneladas de lixo, material decantando e vegetação de dentro dos 19 piscinões, a chamada operação “Cata-Bagulho” recolheu 800 toneladas de objetos, foram realizadas operações de tapa buracos, os bueiros foram limpos. A manutenção dessas estruturas é muito cara, mas ainda não se inventou nada mais eficaz para conter a fúria das enchentes.
Ainda assim tivemos mortes provocadas por enchentes, caos no transito, entre outros problemas provocados pelas chuvas.

Talvez ainda não estejamos fazendo a coisa certa:

Lembrando das palavras na Lenda da Capivara “A cada agressão que cometem contra a terra que lhes cedi a própria terra haverá de puni-los e esta humilde capivara que vos fala haverá de lembrá-los com sua própria presença e fiscalização tudo o que aqui foi dito.”


Desta forma nos dirigimos ao grande altar da Capivara para evocar o espírito criador da cidade que sempre se manifesta pelos animais para saber como poderíamos reverter esta situação e a resposta foi curta e metafórica:

“Se tratar a Capivara com respeito a terra ha de retribuir com o respeito empregado”.

Sabemos que a “capivara” representa metaforicamente as forças da natureza, não encontramos piscinões de concreto na natureza, no entanto a própria terra se incumbe de absorver a água da chuva. Alem de impermeabilizar o solo, o asfalto absorve a luz solar e a transforma em calor. Em verões intensos o asfalto, bem como o teto dos prédios pode chegar a temperaturas próximas a 65o Celsius provocando o chamado ICU (Ilha de Calor Urbano).

Soluções praticas como o asfalto poroso podem ser boa uma alternativa.

Simples e barato, o asfalto poroso ou asfalto permeável apresenta diversas vantagens, não necessita de ingredientes exclusivos para sua aplicação, nem de equipamentos especiais. Com a informação adequada, qualquer empresa de pavimentação pode facilmente preparar a mistura e aplicá-lo.

Mesmo depois de 20 anos, pavimentos permeáveis instalados nos Estados Unidos mostram pouca ou nenhuma fissuras e buracos. A superfície do asfalto poroso mantém a sua capacidade de lidar com a água da chuva por muitos anos. Um dos mais conhecidos locais onde o asfalto permeável foi instalado é o estacionamento do Walden Pond State Reservation no estado de Massachusetts, construída em 1977.

Embora nunca tenha sido repavimentado, o estacionamento está em boa forma e ainda drena eficazmente.
Dada a estrutura do pavimento, o asfalto poroso é capaz de proporcionar um leve resfriamento quando comparado com o asfalto tradicional. Ao reabastecer os lençóis freáticos e aqüíferos, ao invés de forçar chuvas em galerias pluviais, asfalto poroso também ajuda a reduzir as demandas sobre os sistemas de galerias de águas pluviais.

Quanto aos tetos dos edifícios a solução é um pouco mais cara, no entanto, sabemos que as soluções para os mega problemas das mega cidades (com mega arrecadações) também devem ser de proporção “mega”.
Os chamados tetos ecológicos são jardins suspensos sobre os rufos dos prédios. Os jardins são isolados por mantas e materiais especiais, filtram a água pela ação de elementos filtrantes naturais e canalizam a água para próprio o solo. Com os telhados ecológicos a temperatura dos tetos dificilmente ultrapassam os 37o Celsius.
Nisso o paulistano já tem experiência, no antigo edifício de 16 andares, popularmente conhecido como “Banespinha existe um jardim com mais de 400 diferentes espécies de plantas: café, cana-de-açúcar, ervas medicinais e até uma mangueira são cultivados no jardim suspenso da cobertura, é o Jardim Walter Galera.
Originalmente concebido com colunas de mármore e portas de jacarandá pelo arquiteto italiano Marcello Piacentinni a pedido da família Matarazzo, o edifício foi construído em 1938 e abriga desde 25 de janeiro de 2004 a prefeitura de São Paulo (aniversário de 450 anos da cidade, a prefeitura mudou-se do Palácio das indústrias para o Palácio do Anhangabaú, como foi chamado oficialmente o edifício durante um ano).
Alem do mais antigo jardim suspenso da cidade o edifício nos traz outra curiosidade, o “Banespinha” possui a maior fachada em mármore travertino romano do mundo, com 25 mil pedras.
Um modelo importante a ser adotdo é o de que qualquer alteração a ser feita na cidade de São Paulo deve ser feita a partir do plano original da cidade, chamado pelo blog de Modelo SP 632.

SP 632 refere-se a vida da cidade de São Paulo no ano de 1632 a 1634, anos em que a cidade ainda estava integra, não havia passado por nenhuma alteração geográfica prejudicial (veja artigo São Paulo de Piratininga em 1634 http://capivarapaulistana.blogspot.com/2009/10/sao-paulo-de-piratininga-em-1634.html).

A criação e ampliação de áreas verdes é sempre bem vinda desde que para isso não eliminemos os ícones tombados de nosso Patrimônio Histórico. Isso quer dizer que não podemos destruir o pátio do colégio, ou o edifício Matarazzo para fazer um campo de hortênsias, mas podemos ter um centro urbano muito parecido com o que tivemos no ano de 1634, mas com a cara de uma cidade de São Paulo de 2100.

Por outro lado não há nada de romântico e histórico nos antigos trilhos de trem, galpões abandonados, e terrenos baldios habitados por ratos e pombas.

Neste sentido o prefeito Gilberto Kassab e o secretário de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, apresentaram os detalhes do projeto das três novas operações urbanas para a Cidade de São Paulo - Lapa-Brás, Mooca-Vila Carioca e Rio Verde-Jacu “Com estas propostas, teremos a oportunidade de fazer transformações muito significativas em áreas degradadas da cidade, sob o ponto de vista do planejamento urbano", disse Kassab.
São projetos estratégicos, que têm como objetivo concretizar as diretrizes do Plano Diretor e que propõem a ocupação de parte da orla ferroviária que se encontra subutilizada entre os bairros Lapa e Brás, Mooca e Vila Carioca. As ações também buscam a geração de empregos e a melhoria das condições de moradia no extremo da Zona Leste, diminuindo a necessidade de deslocamentos diários entre essa região e o Centro. Questões ambientais também serão contempladas nas intervenções, com a criação de parques, aumento das áreas permeáveis e melhoria da drenagem.

Começo a ver um pouco de melhora na nossa cidade e um certo sorriso nas capivaras.

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